vezes que fui ao médico achando que tinha um problema de saúde física real mas era psicológico


Uma lista semi-cronológica — e já bastante longa mas certamente não finalizada — de vezes que eu fui a algum médico muito preocupada de que eu estava desenvolvendo um problema sério de saúde física, que poderia ser tratado por um médico formado em Medicina, e acabei apenas com novas questões pra levar pra minha sessão semanal de terapia.
  • Uma vez eu pedi ao meu otorrino pra fazer uma audiometria porque eu achava que eu escutava (escuto) muito mal, sempre tinha (tenho) dificuldade pra entender de primeira o que as pessoas tão me falando, e diante dos resultados da audiometria a conclusão foi que eu só tenho um problema de atenção, e é o meu cérebro que faz barulho demais e me atrapalha a escutar os outros.

  • Em algum momento circa 2016–2017 eu fui ao cardiologista porque estava com um pouquinho de taquicardia, realmente em retrospecto nada muito absurdo mas na época preocupante o suficiente. Fiz todos os exames e quando levei pra revisão o médico mandou essa: “Você só tem ansiedade.” Por coincidência a minha mãe tinha acabado de descobrir não só um mas dois problemas cardíacos hereditários. Não vejo absolutamente nenhuma relação com o meu acontecido. (Eu ainda briguei com a minha melhor amiga porque ela não estava levando a sério a minha situação cardíaca — outro sintoma psicológico.)

  • Em 2024 eu comecei a sentir muita dor no maxilar e tive certeza de que era a conta chegando por ter abandonado meu tratamento ortodôntico sem terminá-lo depois de 9 anos usando aparelho. Eu tinha saído desse tratamento com a mandíbula ainda um pouquinho torta porque não gostava de usar o elástico, e agora, uma década depois, digamos que a minha mandíbula é um pouco mais que um pouquinho torta. Então fazia total sentido na minha cabeça que isso começasse a me causar uma dor imensa de um dia pro outro. Dessa vez não foi só um médico mas três:

    • A dentista do sistema público pediu um raio X e me passou só uns exercícios pra relaxar a mandíbula e um relaxante muscular e pediu pra eu voltar em 3 semanas se não melhorasse.
    • A dentista (particularmente dramática) do plano de saúde me recomendou pedir uma consulta conjunta com um buco-maxilo e um ortodontista porque, segundo ela, eu precisaria ou usar aparelho ou operar o maxilar ou talvez até ambos. Dessa eu saí quase chorando em pânico pensando no prospecto de ter que fazer uma cirurgia horrível vivendo sozinha no exterior, mas ao mesmo tempo, também com muito ódio de que existem tantos tipos de dentista. O escopo do trabalho deles é literalmente só a boca e não basta os caras terem que fazer uma faculdade totalmente separada, eles fizeram questão de ainda se dividir em 10 especialidades diferentes? Puta que pariu.
    • Por fim eu encontrei uma clínica chique de buco-maxilos que aceitava meu plano e o médico foi super atencioso e me disse que claramente era só estresse levando a um princípio de bruxismo porque a minha mandíbula já era torta há uma década e não começaria a dar problemas do nada. Ele abriu a primeira gaveta da escrivaninha dele e puxou um documento informativo sobre bruxismo, indicando que isso é algo que ele vê com uma certa frequência (esses jovens de hoje em dia!), e me recomendou continuar na terapia, evitar comidas duras por um tempinho, e me proibiu de chupar chiclete.

    A única coisa que realmente ajudou a resolver esse problema de uma vez por todas? Terapia e meditação.